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Conheci os podcasts em 2008. O que você pode aprender comigo hoje?

Danilo Fernandes • mar. 26, 2020

Mesmo depois de 12 anos o podcast ainda não perdeu sua essência

Um vaso de plantas à esquerda de uma caixa de som preta

Uma pequena dose de informalidade

Assim como em outros textos deste site, prefiro escrever tudo em primeira pessoa.


Primeiro, porque acredito que isso ajuda a estreitar a nossa relação. Eu, um mero produtor de podcasts, e você que tirou esse tempinho para ler o que eu escrevo.


Segundo, porque eu prefiro ser franco com quem visita essa página e não quero que pensem que existe algum intermediário ou um escritor-fantasma entre nós (ou que esse texto é uma cópia de outros sites que também estão falando sobre podcasts).


E terceiro, porque antes de pensar em ser um profissional dessa área eu passei vários anos escrevendo em blogs, então na minha visão, o tom de bate-papo informal é mais interessante.

Início: nada além de um hobbie adolescente

Em 2008 eu estava ingressando no segundo ano do Ensino Médio. Meu hobbies eram primordialmente caseiros, variando entre ver televisão e navegar na internet pré-smartphones.


Um dia eu decidi pesquisar sobre dublagem e acabei encontrando uma "entrevista em áudio" com um profissional da área, de quem eu era grande fã. Gostei bastante da entrevista em si, mas também achei muito interessante aquele formato de programa: algo parecido com rádio, mas que dava a opção para o ouvinte fazer download e ouvir quando quisesse.


A frequência de publicações também era um fato curioso: os novos episódios daquele programa só saiam uma vez por semana. Além disso, uma coisa que me ajudou a entender aquilo tudo foi poder encontrar os programas anteriores com bastante facilidade naquele site.


Não levou muito tempo e eu havia me tornado grande apreciador dos podcasts.

Era minha vez de tentar!

Linha do tempo que mostra o ínicio dos podcasts em 2004 até os dias atuais

Levou relativamente pouco tempo entre eu ouvir o primeiro podcast da minha vida e a criação do meu próprio programa. Eu já era um membro bastante ativo no twitter naquela época e resolvi expressar por lá o meu desejo de criar um podcast.


Não demorou muito para surgirem alguns amigos virtuais que gostaram de se juntar a mim nessa nova empreitada. Alguns meses depois de criarmos um nome e uma página, finalmente eu estava gravando - oficialmente - meu primeiro episódio. Digo "oficialmente" porque anteriormente eu já havia tentado gravar alguns episódios sozinho.

"No meu tempo tudo era mais difícil..."

Mãos masculinas sujas de terra. A parte visível do chão está coberta de grama.

Começar um podcast em 2010 era praticamente carpir o lote da internet e ajudar a criar uma demanda por tecnologias e facilidades que atualmente são exaustivamente utilizadas.


E não apenas isso. Naqueles tempos, era muito mais difícil encontrar bons conteúdos que nos ensinavam a usar programas de edição de áudio ou mesmo conceitos e técnicas mais simples. Então boa parte dos meus primeiros ensinamentos vieram de amigos ou conhecidos que já lidavam com podcast ou que pelo menos conheciam bem a parte de programação de sites.


Por exemplo, um grande equívoco que acontece hoje em dia é quando as pessoas acham que gravar e editar é uma tarefa que dá pra "fazer rapidinho".


Eu mesmo cheguei a pensar que o primeiro episódio do ComéquePOD seria gravado em um dia e então postado no dia seguinte. Foram necessários vários episódios até eu realmente entender que esse tipo de coisa não se faz com pressa e que, quanto mais cuidado e carinho você tiver com a edição (e também com as outras etapas da produção), mais o ouvinte perceberá - mesmo que de forma inconsciente - como o seu programa é bem feito.


Outro erro que cometi de forma horrível foi logo no primeiro episódio: fui informado de que havia um programa chamado Levelator que ajudava a "melhorar" o áudio da gravação. Basicamente o programa aumenta o volume do que ficou baixo e diminui aquilo que ficou muito alto.


O problema é que eu usei o programa DEPOIS que eu já havia editado o podcast inteiro, incluindo a trilha sonora. Então, no fim das contas, sempre que eu tivesse feito a música abaixar para que a voz de alguém fosse ouvida, o Levelator aumentava tudo de novo e se misturava com as vozes. Ficou uma verdadeira bagunça.


Por isso é importante entender alguns princípios e tecnologias e não achar que seu podcast será facilmente editado com um simples toque de botão.


Para que o uso desse programa realmente tivesse dado certo, apesar das suas limitações, eu deveria ter nivelado primeiramente todas as vozes e só depois colocado a trilha sonora e os efeitos sonoros que eu usava na época. Mas isso é um assunto que eu gostaria de falar com mais detalhes em outro texto.

Fazer o upload dos episódios era uma luta

Sabe como os podcasts eram hospedados uma década atrás? Naquele período você precisava de um conhecimento tecnológico além do básico; ou dinheiro para contratar alguém para resolver o problema pra você; ou mais dinheiro ainda para contratar serviços especializados que simplesmente não existiam no Brasil.


Inicialmente o ComéquePOD foi hospedado em uma plataforma chamada Mevio. Até o ano de 2012 esse site funcionou muito bem e tinha uma plataforma bem tranquila de ser usada. No entanto o modelo de negócio deles era um pouco estranho pois o serviço era oferecido gratuitamente e sem nenhum tipo de publicidade empurrada para cima dos ouvintes ou mesmo dos podcasters que usavam livremente a plataforma. Então, sem muitas explicações, o Mevio parou de aceitar novos podcasts em sua plataforma e logo depois começou a banir os programas que já existiam por lá.


O jeito então foi aprender na marra como fazer upload de forma manual usando um programa chamado FileZilla, além de vários plugins de distribuição e estatísticas de download dentro do Wordpress, onde hospedávamos o blog.


Hoje o cenário está completamente mudado.


Diversos sites, tanto estrangeiros quanto nacionais, já oferecem opções muito baratas e até gratuitas para que você possa colocar seu podcast no ar. O mais popular deles têm sido o Anchor, adquirido em 2019 pelo gigante Spotify, que passou a distribuir, além de músicas, todo tipo de podcast.


No entanto, é preciso tomar cuidado! O Spotify está apostando agressivamente em podcasts e, ao contrário do que muita gente pensa, uma youtuberização dos podcasts pode ser algo muito perigoso. Existe uma máxima na internet que diz: se você não está pagando por algo, então provavelmente você é o produto.


Minha dica nesse quesito é: sempre leia os termos de uso para saber o que você está recebendo (ou entregando!) ao utilizar um serviço de forma gratuita.

Podcast é feito de gente!

Duas fotos das equipes do ComéquePOD, uma em 2011 e outra em 2014. Cada foto apresenta quatro pessoas na Campus Party.

É complicado falar sobre isso em 2020, no meio de uma pandemia, mas a melhor coisa para quem fazia podcast - ou qualquer outro conteúdo na internet - era sair de casa. Mas calma, não precisa levar isso ao pé da letra agora!


O que eu quero dizer é que, tão importante quanto criar o contéudo, é sair para conhecer pessoas e fazer o bom e velho networking.


Independente do foco do seu trabalho, seja podcast de humor, de tecnologia, de jornalismo, de cinema, de sexualidade, de educação ou de qualquer outro tema, procure a sua comunidade.


Como eu disse mais acima, parte da ajuda que eu tive para criar meu podcast veio de amigos e conhecidos. E depois disso a coisa decolou.


Meses depois de lançar o ComéquePOD, participei da Campus Party Brasil 2011 - que eu acredito ainda ser o maior evento de tecnologia do Brasil - para encontrar amigos e colegas de podcast. Voltei em 2012 e também em 2014. Inclusive, naquele ano o ComéquePOD chegou a ser selecionado para fazer quatro apresentações nos palcos do evento durante a semana. Falarei mais disso em outro texto.


Em 2019, já no papel de jornalista formado, fui participar da Maratona Piauí CBN de Podcast, no Rio de Janeiro. E ainda naquele ano fui para São Paulo participar do primeiro Spotify For Podcasters Summit.


E não poderia deixar de mencionar também alguns eventos do uaiPod, realizados em Belo Horizonte.


É claro que os eventos e palestras por si só já valem muito a pena, especialmente pela experiência de absorver tanto contéudo interessante em tão pouco tempo, mas o contato com grandes, médios e pequenos nomes dessa área, todos convivendo no mesmo ambiente e trocando figurinhas, é ainda mais estimulante.


O interessante de tudo isso é que, mesmo tendo passado tanto tempo, e agora com incontáveis podcasts sendo feitos no país, essa mídia ainda continua com a essência calorosa que havia no início.


Claro que à primeira vista a coisa pode parecer intimidante, mas não se deixe vencer pelo frio na barriga. Venha fazer parte deste grupo também. :)


Ao longo do tempo pretendo atualizar esse post e lançar novos para esclarecer a vocês algumas situações que ocorrem nos bastidores desse cenário de produção de conteúdo.


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Um abraço!

Danilo F. Martins

@dofsmartins

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